terça-feira, 12 de agosto de 2008

I'm singing Oh! Oh! on the friday night.

Dedico o post à música de Kate Nash, ao cotidiano.

Nofundo da alma o despertador toca.
Ainda relutante, lembra de mais 5 minutinhos. Permite-se a eles.
Toca novamente, dessa vez com o peso da realidade.
Levanta-se e vai ao banheiro, encara com a mesma firmeza o seu rosto no espelho.
Os dentes são escovados pelos caminhos da casa, nunca conseguira ficar na pia.
Anda por toda a casa sem fundamento algum. Cospe na pia.
O sol.É dia. Bom dia! Um bom dia sofrido e melancólico, há forças para viver?
De fato ainda nem sabe o porquê dessa pergunta todos os dias. E como todas as manhãs chora, está só novamente, e tem sido assim desde a partida. Melhor nem lembrar.
As manhãs sempre doíam. Não aprendera a se relacionar, ao passo que não aprendeu a ser só, insistia na idéia que era melhor assim. Melhor se enganar, paradoxalmente, ela só quis a verdade.
Era feliz. Acordava sorrindo. O beijo e o cheiro de pessoa acordando.
Sorria ao mundo.
Agora tomava um café amargo enquanto o encarava. Olhava o mundo pela janela, os vizinhos a olhavam pelas sua janelas, no fundo todos tinham o mesmo ofício, espreitar o dia alheio.
De fato tinha que aprender a ser só. Pensou em comprar um gato.
Não teve ânimo de se maquiar nem se pentiar, escolheu um jeans batido e prendeu os cabelos. Jogou-se ao mundo.

A caminho ouvia o rádio.
O cotidiano estava correndo em suas veias, e o sofrer incluso no pacote.
Resolveu acender um cigarro, até o horário dele era exato. O trânsito era o mesmo caos de todos os dias.
Não havia empolgação, era mais um dia.
Respirava um fardo ao mesmo tempo aliviante.

O rádio: "I'm singing Oh!Oh! on the friday night"
As lágrimas rolaram. Mais um dia. De fato ela não cantava.