domingo, 7 de novembro de 2010

Um corpo ausente.

Juro, juro mesmo, que de tudo nessa vida o incrível, meu amigo, é quando ela te dá uma rasteira. Um brinde a minha racionalidade, jamais entenderia qualquer poesia de cego, da presença na ausência, de querer sentir o cheiro e sentir o gosto.

Não! Espera, não será clichê, enfim, talvez seja. Na verdade é quando escrevo que te mostro quem sou, que me dispo de tudo, não era o que querias? Esta é uma das roupas mais pesadas que visto e o fardo mais pesado que carrego. Estou te mostrando quem sou eu, nua e desnuda de qualquer eu.

Sou assim, pensei diversas vezes em cruzar e trilhar quantos caminhos fossem precisos, mas desisti no outro dia, pensei em dizer coisas, mas espero sussurrar para que possa ouvir. E quando eu falar, apenas ouça, talvez o que espera virá da minha boca próxima a sua. Acordo e penso em suas mãos dedilhando meu corpo, nos braços transpassados, no boa noite dito aqui, dentro de mim.

Quero todos os gostos e os cheiros, que só podem ser vistos na presença. Quero o toque, a saliva e tudo o que esperei em todo esse vazio. Porque sem você só sinto os vazios e essa imensa vontade. Para que você me convença a ser só sua, somente uma, só sua.

E quando chegar, não me fale o dia da partida. Não me parta mais, apenas me sinta inteira, para depois eu ficar partida.

05/11/2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Feriado

O meu corpo segue no ritmo cadenciado dos dias que se seguem, falta-me o ar, sobram os dias nublados e frios.
No entanto gosto de olhar o dia gris pela janela, e gosto da sensação de segurança que observar me passa, não estou no meio deste frio cortante, estou como mera observadora deste louco tempo vida.
Tempo, o tinintar das horas, das minhas horas mais (in)exatas. Loucamente 24 horas não me saciam, tenho fome de mais, tenho ânimo de bem mais, e nessa hora sempre lembro da minha respiração ofegante.
Ultimamente tenho pensado em correr, mas lembro rapidamente que não posso. Como se cortassem minhas asas, um pobre pássaro sem ter asas. Então observo da janela as pessoas que correm, atravessam e se apressam.
Se eu pudesse correr, com certeza meus dias terão mais de 24 horas, correria como Forrest...
Mas já que não posso, observo com a ótica mais bela de quem deseja. Um dia eu corro...

domingo, 28 de março de 2010

Dope

O meu melhor sempre vem com o meu pior. Emparelhadamente o yang e o yin se mostram gris e de cores tensas no meu dia. Tentei me fazer de forte, fraquejei grande parte, até me deixar abater por uma doença, eu deixei. Porque sou parte fraca e em partes mais fraca ainda. Dentro de mim não cabe fortaleza, porque essa fiz questão de dopar no dia de hoje. Quero ser fraca, e me ver chorando o tempo todo, e pensando em como será o meu dia amanhã.
Pra mim a partir de hoje excluiria dias da minha vida, mas insistentemente a vida não para, e a minha é de gente forte.
A minha fortaleza ficou dentro de casa em baixo das cobertas, impedida de vir ao meu encontro. Então hoje me restou a fraqueza e a doença, que aliadas só me levam a me dopar desta vida e deste mundo.

Quando meu ser forte voltar, juro que irei rir do quanto insisti em bobagens, e principalmente em ser feliz em um dia de domingo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ludismo

E nós dois, na brincadeira de expôr,
Me dei por vencida
ao sofrer calada
para que você não visse
o verdadeiro eu exposto.



às brincadeiras que iniciam sadias e acabam sádicas.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Pessimamente ando sentindo a dor do outro...
Ao meu ego que não se contenta apenas comigo mesma, e precisa sentir a dor alheia


Perder é ruim, querer perder-se é pior ainda."
Sinto pulsar dentro de mim.
Sinto o calor que escapa.
A pulsação mais rápida, o calor que se escapa...
Sinto o todo se esvaindo.
E sinto o viver indo para longe (e além) de mim


O vento continua a dedilhar as folhas
O trânsito continua no mesmo fluxo frenético
E observo as cores e os cheiros
O mundo continua com um belo céu anil


Tento pressentir o cheiro de se tomar a própria a vida.
Tento sentir a frieza de sentir o calor se esvaindo.
Penso se o destino se encarrega pelas pessoas que acabam com tudo antes do programado?
Há passionalidade ou premeditação do destino?

Com a sua fuga deste mundo
Deixou-me perguntando
e acabei sem respostas.
Deixou comigo apenas o silêncio.