quinta-feira, 14 de junho de 2012

Que meus pés saibam para onde quero ir e que tenham a força de marcar.
Que as marcas em mim sejam passageiras e que eu não deixe de sentir.

Ouve...



“Ouve-me, ouve o silêncio. O que te falo nunca é o que eu te falo e sim outra coisa.” (C.L.)

Iniciarei por um clichê, afinal o que não é? Redigir meia dúzia de palavras na esperança que o outro me leia e capte a minha essência no atual instante é o maior deles. Como eu, mulher, literata assumida, preciso lhe dizer, sou a simbologia do clichê.


Minha vida poderia ter sido escrita em vários atos, ser um daqueles dramalhões mexicanos, porém no meu a mocinha não fica com o herói no final. Ela fica só. Minha geração amarga a solidão.


Com a solidão da minha geração, amargo o silêncio, o que se ouve por entre as minhas paredes é o mais absoluto silêncio de um peito descompassado e caótico, que amarga palavras descompassadas e sem nexo.


(H)ouve uma vez o som. No som, (h)ouve a descoberta do som do silêncio.


Pensei em escrever outras palavras, mas como tudo aqui dentro está o caos e por aqui quem fala são os dedos, acabei dizendo outra. Meu corpo não obedece as mais primitivas ordens e sensações, meu corpo acompanha o caos do silêncio, abafando de todas as formas os meus gritos e esvaindo consigo a força de viver.


Se me perguntares se tenho vontade de viver, direi que antes desse sentimento, preciso gritar e matar esse silêncio que reina por aqui.


15 de junho de 2012.

(A)Ca(la)nto de um sonho


Acordou com um choro dolorido, provavelmente tivera o sonho mais estranho,  chorava como lhe arrancassem um pedaço, de fato um sonho estranho, por envolver fatos e mais fatos, envolver sentimentos misturados. Contudo, havia a honestidade ao reconhecer que os sonhos envolvem o que já estamos vivendo, sonhar com a perda de alguém de fato fez sentido ao pensar mais cuidadosamente, pois ela teve certeza ao acordar que perdera uma pessoa, não do jeito que sonhou, indo para muito longe, mas indo para longe do seu lado. Pensara o que poderia fazer mediante a essa situação. Conformar-se, já que a vida é assim, que as pessoas estão aqui e no mesmo instante não mais, que viver as pessoas por muito tempo é muito bom, porém de extrema complexidade. A sensação que ficava era aquela do amor cristão, esperando que perto ou longe tudo fosse da melhor forma, pois ela continuava amando aquela pessoa, assim como as que passaram pela sua vida, ela não deixava de amar as pessoas, os sentimentos só ganhavam outra prioridade.

Ela só não conseguia entender porque tantas lágrimas com essa perda, o pior tipo de perda é a de domínio, quando você sente que não há mais ninguém que proporcione ao seu ego um acalento, e as lágrimas vertiam porque ela sabia que havia perdido isso, que daqui uns dias as coisas seriam diferentes, que era mais fácil ela levar a vida de forma errônea, mas não permitiria ao outro a mesma situação. Os riscos eram dela, jamais colocaria o outro nessa situação. Um puro sentimento de proteção.

O medo de dormir foi instantâneo, a duras penas pensava no sonho e tinha medo dele de fato acontecer, mal sabendo ela que tudo estava ali, feito, que as prioridades haviam mudado para muitos, inclusive as dela. 

O medo de arrepender-se, como tivera medo disso, mas o de ficar só era impressionantemente maior. Talvez o momento fosse propício, mudar sempre traz outros ares, talvez a necessidade de mudar fosse latente.

Talvez deixá-lo ir, para longe ou perto, fosse necessário, e o momento era o agora, embora as lágrimas ainda estivessem frescas, o tempo havia passado, inclusive o deles. 

31 de junho de 2011.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Quando há o silêncio...

O silêncio, precioso e torturante.

Minhas palavras têm se emudecido, tenho gozado de um silêncio perturbador. No fim, eu me cobro, assim como muitos.

A minha espera sempre esbarra nessa esperança de retorno, meu possível retorno ao mundo das palavras, dos sentimentos em linhas. Numa evolução cíclica, eis que de certa forma consigo retornar e arrancar esse grito preso na garganta, esse suspiro aliviado de tracejar minha rota em rôtas palavras.

A vida continua corrida, pra variar estou acomodada no silêncio, pessimamente. Estranhamente eu prefiro me ausentar a mostrar que pelo menos minhas palavras proclamam algo, mas vejo que sou mais calada do que eu imaginava.

Sinceramente procuro me justificar sempre na correria, como se isso me impedisse ao menos de pensar nas palavras e no quanto há pra se escrever nesse mundo que é linguagem.

O que antes fora uma válvula de escape, um consolo, hoje se mostra uma prisão silenciosa. Escrever é um fardo, que uma vez feito, não se tem como deixar. Só os que se isolam em meio às palavras sabem o que é passar um inverno torturante e silencioso. Tento fugir. Porém sei que mais uma vez será frustrante, afinal acostumei-me com o silêncio. Acostumei-me com o engasgo, acostumei-me com a ausência de ar, com o grito abafado.

Meu caro leitor se espera que amanhã eu retorne com mais palavras, lamento decepcioná-lo, mas provavelmente preferirei novamente me isolar no silêncio a ponto de me faltar o ar.