quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A vida que escrevo não confirma o meu mundo. Quem escreve é a projeção do que quero e desejo. Quem faz vive melhor, apaixona-se mais, vê o mundo com olhos que enxergam o óbvio (ou não) que insistimos em não ver. Quisera eu ser um pouco disso tudo.

Quem escreve, espreita o mundo e dele faz um punhado de palavras. Fuma para comprar cigarros e ver a morena que sorri ao entregá-los, e é neste sorriso que pousa uma paixão. Faz o caminho mais longo para se deparar com a beleza. Escreve para o inexistente. Escreve para mostrar que viver num castelo de palavras é mais seguro que num castelo de emoções.

Olha para os olhos claros e graúdos da moça que dança, e sorri por dentro e dela faz palavras. Quem escreve por aqui mira os olhos no mundo para que tudo vire palavras.

Quem escreve chora ao ouvir uma bela melodia, sem se envergonhar por isso. Ouve o mundo para o traduzir em palavras. Inspira-se com o acaso e com o vazio, brinca com o mundo que lhe é posto.

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